Lost é a minha série mais favorita dentre todas as existentes e que ainda existirão. E eu não estou sendo preciso o bastante! Lost não foi a primeira série que eu comecei a seguir – Friends ocasionalmente, The O.C. religiosamente –  mas foi a que me viciou nesse mundo mágico da televisão americana, e por isso sou muito grato. Tenho um carinho extremo por todas as séries que assisto, mas por Lost é mais como um amor incondicional. Que alguns podem confundir como loucura ou adoração ao demônio ou criação de seitas religiosas.

É inegável que Lost passou por altos e baixos. Quando o querido do J.J. Abrams surgiu 6 anos atrás com a história de um grupo de sobreviventes de um acidente aéreo, perdidos numa ilha maluca, a série foi sucesso imediato. Arrebatou o coração de 18 milhões de espectadores – e isso só nos EUA – abocanhou inúmeros prêmios como os Golden Globes e os Emmy e se tornou um fenômeno da cultura pop americana. E por que não dizer mundial? Com uma trama complexa, cheia de personagens, mistérios envolventes e ininterruptos, Lost foi pioneira na criação de tramas paralelas ao que víamos na TV, com jogos complementares, sites fictícios, teorias conspiratórias que só enriqueciam a experiência de se sentir perdido.

O monstro de fumaça, o chamado em francês, o Black Rock, Adão e Eva, a escotilha, as outras escotilhas, vídeos de orientação Dharma, os Outros, a Vila Dharma, os outros Outros, portugueses no Ártico, flashbacks, flashforwards, flashsideways, estátua de 4 dedos, Jacob, viagens no tempo, eletromagnetismo, Rodrigo Santoro. Enfim. Lost sempre despejou muita informação na cabeça de seus fãs, incansavelmente. Perdeu vários fãs – que obviamente não eram fãs! – por conta das questões não respondidas; mas também ganhou milhares outros, que sempre buscavam por mais enigmas e dicas no meio da série.

Foi por issos acima que eu me apaixonei por Lost. Por ser uma ideia não exatamente nova mas bastante intrigante, por beber de várias referências sem deixar de ser original, por ser uma série sci-fi de primeira linha sem cair na breguice. Mas muito além disso, me apaixonei pelos personagens. Adoro uma boa história, e Lost tem isso. Mas uma boa história precisa de bons personagens, com os quais você possa se conectar, encontrar algo de minimamente parecido com você mesmo. Jack, Locke, Kate, Sawyer e companhia tinham grandes expectativas para a vida, mas como todos nós eles eram falhos, e perderam seu rumo. Precisavam de uma chance para (re)descobrir qual o propósito de suas existências – que afinal, é a pergunta que muitos se fazem. E foi naquela ilha doida, perdida escondida no Pacífico, onde eles perceberam o que o Destino traçou para eles. Ou não, não é mesmo? Eu pelo menos acredito que cada um faz seu Destino, o que não deixa de ser verdade para Jack e cia.

Lost fez história e será referência para muitas outras séries que chegaram/chegarão. Nos meus míseros 19 anos, nunca vi uma série para arrebatar tantos fãs, gerar tantas discussões e especulações, fazer pessoas se organizarem para a confecção de uma legenda mais rápida e bem feita, deixar inúmeros acordados esperando por torrents e legendas, conseguir deixar todos em estado de êxtase com o final de um episódio. Lost foi um marco na minha vida. Quando eu lembro daquele episódio final, algumas lágrimas começam a vir, me arrepio. Sério! Não sei o quanto vai demorar, mas esses roteiristas ainda vão ralar muito pra conseguir criar algo que chegue na sombra da estátua de 4 dedos de Lost.

Lost não teve uma temporada final espetacular, como a primeira e a segunda. Certo, teve alguns episódios que podem entrar no hall dos melhores da série. E certo, teve na minha opinião, o melhor series finale de todas as séries que já vi. E claro, não respondeu a vários questionamentos que criou durante esses 6 anos. Mas não importa. Pra mim. Cada um vê Lost como bem entender, e acho isso mágico. Se cada pessoa do mundo todo visse o último episódio, teria um entendimento diferente, dependendo de sua criação, seu credo, seu estado mental no momento. Vi Lost como uma viagem para o auto-descobrimento, redenção, destino, livre-arbítrio. E continuo perdido, após quase dois meses de seu magnífico e poético finale.

Namastê.

H.